10 janeiro 2011

Oscar Wilde - O retrato de Dorian Gray

O Retrato de Dorian Gray  de  Oscar Wilde


Capítulo I

Por todo o atelier pairava o aroma intenso das rosas e

quando a branda aragem estival corria por entre as árvores do

jardim, entrava pela porta a fragrância carregada do lilás, ou

ainda o perfume delicado do espinheiro de floração rósea.

Estendido no divã de bolsas de seda persas, a fumar, como era

seu costume, cigarro após cigarro, Lord Henry Wotton só

conseguia vislumbrar do seu canto as flores adocicadas e cor

de mel de um laburno, cujos ramos trémulos pareciam mal poder

suportar o peso de beleza tão fulgurante. De vez em quando,

através dos cortinados de tussor de seda que cobriam a enorme

janela, via passarem velozes as sombras fantásticas das aves,

que produziam como que um momentâneo efeito japonês, o que o

levava a pen.(...)

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