Punição
silenciosa
Gritam-me aos ouvidos!
Vadios de vidas certas,
Esvaziam-me aos poucos
Com ideias cheias, de
minudência.
Traçam percursos de
caminhos meus e com berros ensurdecem a existência.
Amarram-me a certezas,
Matam-me os sonhos
E vendem-me em feiras
Para serem ricos.
Alastram em mim
desgraças,
Apontam rumos,
Proíbem-me de chorar,
Não me deixam sequer pensar.
Querem que seja deles,
Como eles,
Como todos,
Como alguém.
Mas a mim pouco me
importa se serei uma cópia, mesmo que do bem, enquanto
For cópia não serei
ninguém.
Sabem lá vocês,
como é acordar vestido
de mim para virem falar de silêncios que só se ouvem aqui.
Normas impregnadas,
Em ruas pintadas de
seres que se dizem humanos.
Guerreiam vidas,
traçando mortes.
Sinto as lágrimas dos vossos
sorrisos, destinados a pontos fixos.
Sociedade, punição
silenciosa
Até posso ser vagabundo
da minha confusão, perdido ou não,
Sou o “eu “da minha
razão.
E vou feliz por ter
sonhos a uivar por cima de gritos que me fazem parar.
E se me puserem de parte
por não encontrarem o meu lugar.
Vou apenas chorar e
quando pensar…
Ei-de rir noites sem
parar!
Perdidos estão vocês
que nunca buscam nada para lá da morada.
Sou louco no meio de
tanta concepção.
Mas só eu sinto o meu
coração.
Eu é que sei!
Se vou para aqui ou
para ali.
Um dia mostro-vos o
apagão que acendi.
ANA
FILIPA ELEUTÉRIO, 12º 1 – 1º Prémio, 2º escalão
Eutanásia mundial
Com honestidade faz-me tremer o
que a consciência me transmite,
O que a religião esconde e a
sociedade emite,
Tudo aquilo em que não
acredito, e se torna mais real,
Todas as palavras que não
valem nada, cada atitude crucial,
Cada “não” firme e injusto,
cada ênfase cruel,
Cada sorriso de anjo em pele
de cascavel,
Cada sentimento não sentido,
cada perda de tempo,
Cada noite nostalgicamente
colorida, cada dia coloridamente cinzento,
Cada observação do exterior,
cada visão do inferno,
Cada verão mais gelado… como é
quente o inverno!
A revolta é algo que não cabe,
porque não tem tamanho, só forma,
Porque nunca sou aquilo em que
me transformo, sou aquilo que me transforma,
Porque nunca sou aquilo que
penso, sou aquilo que faço,
Porque a alegria é
reconhecimento, só ela compensa o cansaço,
Porque eu podia lutar sozinha
por um mundo mais habitável, mas não conseguia,
Porque eu sempre tentei tudo
sem as ideias de ninguém, e porque sei que tu também podias!
Um grito de liberdade nunca
acordaria um monte de gente adormecida,
E a força de uma alma velha
não compensa uma enfraquecida,
E quem me dera, acredita, que
visses tudo aquilo que eu vejo,
Que as ilusões te fossem
tiradas, e visses que tudo o que imaginas é desejo,
Eu isso é tudo uma fantasia,
que o mundo não está assim,
Pode tornar-se nisso, mas por
agora caminha a passos largos para o fim…
Mas afoga toda essa dor, todo
o rancor,
São duas doses de eutanásia,
por favor.
MARIANA
CASTRO, 11º 6 – 1º Prémio, 2º escalão
Sonho…
Um dia o sonho nasce,
E não sabemos o que fazer,
Se devemos lutar por ele,
Ou simplesmente esquecer…
Sabemos logo à partida,
Não ser fácil de realizar,
Mas de que nos vale esta vida
Se deixarmos de sonhar?
Se desistirmos vem a culpa,
De não termos tentado,
E não saberemos o gosto,
De o vermos realizado…
Resolvi lutar pelo meu,
Acredito que vou conseguir,
E por cada etapa superada,
Mais esperança construir…
TÂNIA
SOUSA, 3º TT – 3º Prémio, 2º escalão
Ser Poeta…
Parece
que vive,
Num
mundo diferente,
Vê
emoção em todo o lado,
Transmite
o que sente…
Com
algumas gotas de orvalho,
Escreve
um belo poema,
Voa ao
sabor de vento,
Sentir
o que ama, é o lema…
Vive o
impossível,
Duvida
da certeza,
Na
felicidade vê angústia,
No
amor vê tristeza…
Refugia-se
no seu mundo,
Vive
num mundo à parte,
De um
simples rabisco,
Faz
uma obra de arte…
Todos
temos dentro de nós,
Um
poeta sem querer,
Mas
desengane-se quem pensa
Que
ser poeta é só escrever…
MARIA DE
FÁTIMA LAPA (encarregada de educação) – 1º Prémio, 3º escalão
À Espera d’Afundar
Navio que teima em estar
ancorado,
Que não navega,
Que não sorve as ondas
E pela espuma é envolvido.
Que não é navio!
É penedo!
É rocha seca
Que o mar não umedece
E não consegue refrescar.
Navio naufragado
Cantado em triste fado,
Não tem leme que o vire
Nem força para navegar.
Quilha quebrada pelo tempo
Que o fez quebrar,
É rochedo, poiso d’aves,
Tatuagem de lodo e lapa
Que o esconde
De si,…(e) de todos.
Navio preso à âncora,
A correntes que o acorrentam
E que a corrente não quebra.
Navio sem remédio
Que deixou de o ser,
Á espera só d’afundar.
PAULO DE
LEMOS (docente) – 1º Prémio, 3º escalão
O
som do teu riso
O som do teu riso
São beijos que recebo.
São descobertas,
Portas que são abertas,
Sabores que degusto e bebo.
O som do teu riso
Trás o fim da tristeza,
As cores de um amanhecer,
Que anseio sempre ver
Em esperança, de novo, acesa.
O som do teu riso
É uma suave melodia
Que abre os rudes horizontes,
Que nos perigos constrói
pontes
E abre caminho a um novo dia.
O som do teu riso
Rasga a dor que, em mim,
sustento;
Quebra a pedra mais dura
E descobre vida e cura,
Que não passam com o vento.
O som do teu riso
Faz suavizar a tormenta.
Traz-me a vontade de viver,
No desejo de o ouvir e ver
Em amor que, em mim, aumenta.
PAULO DE
LEMOS (docente) – 3º Prémio, 3º escalão